“No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento…”
~ Mário Quintana
O tempo passa…as pessoas também.
A gente vai envelhecendo como as páginas de um livro. E os velhos vão e dão lugar aos novos. E, no fundo, há beleza nisso. É a forma que a vida encontra de deixar tudo fresco e novo. De renovar-se.
E Mário Quintana tem razão: no meio dessa renovação, há coisas que o tempo – ou o vento – não leva. E, nos meus últimos momentos de vida (bem velhinha, eu espero), é dessas coisas que vou querer me lembrar:
O cheiro do cabelinho do Theo após o banho
O som que seus pezinhos fazem quando ele vem correndo do quarto
A sensação de passar a mão em seu cabelinho arrepiado e recém cortado
A textura da pele tão macia da barriguinha dele
A sensação de sentir seu beijo de boca aberta com uma respiração quente no meu rosto
O sorriso lindo que ele dá quando me vê chegar
O som das gargalhadas deliciosas que ele dá quando está se divertindo.
Tudo o mais, o vento pode levar. Essas lembranças serão suficientes pra me mostrar que a vida valeu a pena. Cada segundo passado ao lado dele valeu a pena. É isso. Acredito que Quintana esteja, mesmo, certo. E se são, justamente, as coisas leves que ficam, isso quer dizer que o vento e o tempo vão levar as pesadas?
Se for assim, fico feliz em saber que o Autismo não ocupará a minha mente nos últimos momentos. Pesado como é, vai ser levado embora como uma pluma! Afinal de contas, o que é o Autismo perto de tantas coisas leves e sublimes?
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