Mãe, você é neurótica! Pare de procurar pelo em ovo! É só o tempo dele!
Mãe, essa criança não fala porque você dá tudo na mão dela!
Garanto que isso tudo é falta de estímulo.
Pode ser autismo porque você engordou muito na gravidez. Tomou ácido fólico?
Nossa, você ainda chora? Acredito que isso seja falta de aceitação!
Não chora? Está em negação, a ficha ainda não caiu.
Seu filho tem 8 anos e ainda é não verbal? Tem certeza de que tentou de tudo?
Ainda não desfraldou? Você não pode desistir!
Não colocou na dieta? Deve ser isso então.
Colocou na dieta e ele não melhora? Não deve estar fazendo direito então.
Não quer a cura? Egoísta! Só pensa em você e não no seu filho.
Quer a cura? Eugenista!
Desespero com as férias escolares? Os pais também têm que ficar com os filhos de vez em quando, né?!
Deu medicação? Foi pelo caminho mais fácil e está envenenando o próprio filho.
Internou em clínica? Desistiu do próprio filho…que coisa triste!
Não deixou ele ficar puxando o seu cabelo? Mas ele gosta tanto!
Sim, ele é autista, mas esse comportamento dele é falta de palmada mesmo.
Nossa, esse menino não sai do Ipad!
Tem certeza que está estimulando ele o suficiente?
Ele é fresco assim pra comer porque você só oferece o que ele gosta!
Cansada? Tome um Red Bull!
Vida social? Você deveria é focar mais no seu filho.
Frustrada? O autismo é uma bênção! Você devia ser grata!
Quer viajar sem o filho? Precisa respirar? Faça uma auto análise aí porque isso não é bom sinal!
Deprimida? Você é especial, Deus te escolheu pra uma missão, não tem por que se deprimir!
Ah, se as pessoas soubessem como é fácil falar!
Ah, se percebessem que o simples exercício de se colocar no lugar do outro faria toda a diferença! É isso que se chama EMPATIA!
Falar é fácil. Dar tapinha nas costas é fácil. Oferecer soluções é fácil.
Mas ser mãe de uma criança com deficiência não é nem um pouco fácil. Se houvesse menos julgamentos e mais mãos estendidas, essa realidade poderia ser bem diferente.
Se aquela mãe ama seu filho, ela está fazendo o melhor que pode, mesmo que esse melhor não te pareça suficiente.
Entender que só conhece, de fato, a situação, quem vive dentro dela é importante.
Calçar os sapatos dos outros tem parecido missão impossível para muita gente.
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