Estamos completando 3 meses de Londres.
Por mais que eu ame a cidade e a vida que levamos aqui, de vez em quando, a saudade das pessoas queridas, dos gostos e dos cheiros bate como aquele vento que balança os lençóis no varal. Faz-se notar, sutil e presente, e traz com ela uma certa nostalgia e um bocadinho de carência. E a carência tem o dom de realçar sentimentos para os quais a gente não dá muita bola no cotidiano.
Há dois dias atrás, vi claramente o efeito dessa equação. Pensativa, nostálgica, carente, pensando além da conta. A fase de “grude” do Theo com o pai já dura quase 2 anos. Meu garotinho é sempre muito carinhoso comigo…mas, quando o pai está por perto, o “planeta Theo” gira ao redor desse sol. Tem que ser o pai para dar banho, dar o jantar, colocar na cama. O pai tem que estar por perto até pra ele ir ao banheiro fazer um rápido xixi.
Em um dia normal, eu racionalizaria: sou eu que passo grande parte do tempo com o Theo, o pai dele viaja muito e ele fica com saudades, isso é fase normal de qualquer garoto. Em um dia de carência, a pulguinha incômoda do ciúme morde e faz coçar. E incomoda um bocado. Nada de racionalidade nessa hora! Sou uma boa mãe? Theo me ama? Será que ele me acha realmente necessária? Será que fui, sem saber, a temida “mãe geladeira”? Estou sendo rejeitada? Será que ele sabe que eu o amo?
Tantas perguntas, tanto drama, algumas lágrimas, guardo a angústia dentro do meu peito e não a divido com ninguém. Repito mentalmente meu mantra atual: “isso também vai passar”. Durmo.
Outro dia começa. Em uma pausa de afazeres, entro no computador e uma amiga (virtual, das melhores) puxa papo. Sonhou comigo e com o Theo durante toda a noite anterior. E isso é o que ela me conta:
“Sonhei que eu morava por aí e, numa das idas na tua casa, Theo (com a idade que ele tem hj) aprendeu a escrever, e a primeira coisa que ele escreveu foi do nada. A gente papeando na sala, ele chegou e mostrou no papel: THEO AMA MAMÃE ANDEA (Sem r mesmo), e uma tentativa de um coração na cor vermelha. Daí nós 2 nos abraçamos, gritamos, choramos, amassamos ele, e CORREMOS literalmente até um tatuador que tinha perto da tua casa. Tatuaste exatamente o que ele fez no braço (…)”
Eu acredito que essa amiga virtual nunca imaginou a dimensão do impacto desse sonho pra mim. Com certeza ela não sabia, quando me contou isso, que, antes do Theo perder a fala, teve um dia muito especial em que ele chegou na sala, do nada, olhou pra mim e falou “ANDEA”. E que eu guardo esse momento no meu coração até hoje.
Com certeza ela não sabia que eu sempre quis tatuar o primeiro desenho significativo do Theo.
E isso ela também não sabe: hoje cedinho, o Theo saiu de sua cama, onde estava com o pai, e foi se aninhar junto de mim na nossa cama. Ganhei um lindo presente de Natal! O mais especial e único de todos!
Em uma caixinha pequena, verde com um laço vermelho, encontrei o que mais precisava na vida: AMOR e ESPERANÇA. O remetente foi o Theo. A responsável pela entrega foi minha amiga Jôse Santana.
Que vocês tenham um Natal tão especial quanto o meu! Muito amor e esperança pra todos que seguem esse blog!
O melhor beijo do mundo (arquivo pessoal)
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