Domingo passado, na ânsia de distrair o Theo – que odeia ficar dentro de casa por muito tempo – fomos, com minha sogra, ao Starbucks de Moema. Sempre tem alguma coisinha que ele gosta por lá, nem que seja um simples muffin.
Enquanto meu marido fazia o pedido no balcão, subimos ao segundo andar para procurar uma mesinha. Logo achamos uma redonda, com três cadeiras, e nos sentamos ali para aguardar.
Theo segurava em suas mãozinhas uma bola de borracha, daquelas que pulam bastante, e essa era sua maior distração naquele dia. Ele se abaixava no chão e jogava a bolinha, vibrando com cada pulo reto ou torto que ela dava. Quando se empolgava muito, dava pulinhos e batia palmas também.
Mal tínhamos nos assentado nas cadeiras e a atenção do rapazinho foi atraída para o espaço ao lado: havia uma mesinha redonda e um sofá, onde se sentava uma bonita moça com feições orientais. Theo, então, se dirigiu até essa mesinha e começou a jogar, ali, sua bola de borracha. Apesar de uma certa tensão que sempre me acomete nesses momentos, tentei segurar a onda e esperar para ver onde isso ia dar.
E, poucos segundos depois, escutei a mesma moça dizer um alegre “ooooi”. Ufa…meu coração respirou aliviado. Até, porque, o Theo, imediatamente, olhou para ela e sorriu…voltando, em seguida, a atenção para sua bola de borracha. “Estamos indo bem…”, pensei. “Vamos ver o que se segue”. A moça, muito simpática, me perguntou qual o nome dele e quantos anos tinha. Respondi a tudo e ela comentou algo sobre ele ser muito grande. E ficou ali, tentando conversar com ele, enquanto ele jogava a bolinha concentrado, fazendo seu característico “iiiiiihhhhh”.
E meu marido não chegava com o muffin…e Theo começou a ficar um pouco ansioso. E começou dar uns gritos. E algumas pessoas, que estavam em uma mesa no canto, olharam com aquela cara de “alguém faça esse menino parar” ou “que menino mal educado”, aquela coisa toda com a qual já estamos todos acostumados.
Leandro chegou, tomamos nosso café com bolinhos e isso acabou distraindo o Theo por mais algum tempo. Ele ainda voltou para jogar a bolinha na mesa ao lado…e a simpática moça japonesa não se importou nem um pouco…nem quando seu namorado chegou cheio de copos e pratinhos e os depositou na mesma mesa onde o Theo realizava sua atividade tão concentrado. Ela sorria e conversava com ele em um monólogo muito animado. E ele, do seu jeitinho, olhava pra ela de canto de olho de vez em quando, sorrindo disfarçado.
Quando decidimos ir embora, ela falou um animado “tchau, Theo!”. E ele respondeu imediatamente abanando sua mãozinha e fazendo aquele “tchau” tão desajeitado e charmoso que só ele sabe fazer. E fomos embora.
E eu fiquei pensando: em qual momento ela percebeu que meu filho era diferente? Foi quando ele começou com o “iiiihhhhh”? Ou foi com os gritos? Ou com o silêncio incomum para uma criança dessa idade? Ou em seu interesse rígido pela bolinha de borracha? Será que ela nem percebeu??
O que ficou claro pra mim é que essa simpática moça japonesa tratou meu filho como a criança que é. E que, independente dos “iiiiihhhhs” e dos gritos, ela demonstrou compaixão, não julgamento.
São pessoas assim que renovam minha fé na humanidade. Que me inspiram a continuar. Que me dão esperanças de que o futuro pode ser melhor e diferente.
Então, deixo, aqui, meu agradecimento à simpática moça japonesa do Starbucks. Obrigada por fazer um domingo nublado parecer o mais ensolarado de todos!
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Imagem: Shutterstock
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