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Pupanique 2 e os pais que acordaram

Quando eu era pequena, crianças com deficiências eram coisa rara de se ver. Não iam à escola, mal saíam de casa. Lembro de uma amiga contar que tinha um primo autista que nunca via. Quando visitava a casa da tia, ele ficava trancado no quarto.

O próprio autismo não era muito conhecido por essa terminologia. Essas crianças eram conhecidas como “retardadas” ou “com problema mental”. O mesmo acontecia com as crianças com síndrome de down, que também recebiam apelidos nada carinhosos.

É um discussão do tipo “ovo ou galinha”. Será que a reclusão aumentava o estigma? Ou o estigma causava a reclusão? Uma das coisas que qualquer pessoa nota quando vai à Europa ou aos Estados Unidos é a quantidade de cadeirantes nas ruas. E aí vem o mesmo questionamento: a acessibilidade das calçadas e do transporte coletivo propiciou essa saída de casa ou a saída forçou o Estado a adaptar as ruas e transportes? Não estudei o assunto a fundo para dar a resposta. E não acho que a discussão do tipo “ovo ou galinha” é o mais relevante aqui.

O que importa é o seguinte: as crianças com deficiências no Brasil NÃO vão mais ficar fechadas em casa. Ou, pra quem preferir, podemos ver desta forma: vai ter autista na rua SIM. Vai ter PC, down, e todos os outros. O espaço público também é deles por direito.

Se isso incomoda você, Clarisvalda, melhor rever seus conceitos. Ou, talvez, mudar de país. Porque os pais de crianças “diferentes” acordaram.

Como eu sei disso? O Pupanique, nosso piquenique inclusivo que aconteceu no último sábado, dia 8 de agosto, contou com o dobro do público este ano. O DOBRO. Seiscentas pessoas lindas, segundo a contagem oficial da Polícia Militar. O Parque da Água Branca foi ocupado por estas famílias.

Como muitas também têm filhos típicos, a cena foi linda de se ver: crianças de todos os tipos brincando juntas. Jogando bola. Dividindo os brinquedos e os lanchinhos.

Aaaaah, e o brilho nos olhos? Aquelas fagulhas que a gente só vê no ápice da alegria infantil foram frequentes na interação com os cães terapeutas e os cães policiais, os cavalos, o tão sonhado caminhão de bombeiros, os brinquedos ganhados no sorteio.

Seiscentas pessoas. Uma bagunça inclusiva deliciosa e quase impossível de traduzir em palavras para quem não esteve lá. Por isso, prefiro deixar essa tarefa para quem pode fazê-lo, com maestria, através de imagens.

O Pupanique não teria acontecido sem a ajuda de algumas pessoas que preciso citar. Muito obrigada, do fundo do coração, à Greice Verrone, Edilene Gualberto, Renata Lima, Fabiana Cardoso, Marina e Thiago Soares, e a toda a equipe de voluntários que me socorreram no dia!

E um agradecimento especial ao cabo Maurício Verrone e a toda a turma do Quarto Batalhão da Polícia Militar! Vocês fizeram muitas crianças felizes!

E não posso deixar de agradecer às marcas que nos patrocinaram e tornaram o nosso encontro mais colorido, gostoso e cheio de surpresas!

Uno

Alpargatas: Havaianas

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Encantando as crianças: Anima Party, Bocalan Brasil e Musicante

Presentes no sorteio: Toys & Fun, Sana Babies e Alcaçuz

Decoração e organização: Mania de Organização, Renata Lima e Mimos Patili

Vai ter piquenique inclusivo, SIM! Vai ter crianças de todos os tipos nos parques da cidade, SIM! Ano que vem tem mais! A quantidade de gente pede por uma maior profissionalização e já estou analisando alternativas. Aguardem surpresas boas! 😀

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