Ela, normalmente, vê a vida em cores
Mas tem dias em que o sorriso se esvai junto com a esperança
E as lágrimas descem ininterruptas
E, nesses dias, ela chora pelo menino
Chora pelo autismo que o assombra, que o agita, que o cala
Tem dias em que ela chora pelo imutável
Pela perda do futuro idealizado
Pelo destino tão caprichoso que escolheu essa criança
Pelas limitações impostas a um ser tão doce e inocente
Pelo futuro, tão incerto
Pela vida tão diferente da que ela sonhou
Nesses dias, ela se aninha no colo de seu companheiro
E ele lhe pergunta: “por que você chora?”
Ela responde: “choro pelo menino”
Então, ele lhe diz: “chore por você. O menino não precisa que ninguém chore por ele. Ele está bem. Ele vai ficar bem.”
E, nessa hora, ela pensa: “e esse é um dos motivos pelos quais eu te amo”
E é por isso que esses dias passam
E a esperança retorna ao primeiro sorriso que o menino dá ao levantar-se
E o futuro parece, novamente, promissor
E, o autismo, menos assustador
E as lágrimas secam e o sorriso retorna ao rosto da mãe.
E, então, ela escreve. Porque escrever, assim como o ombro do companheiro, também ajuda a curar.
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